Bandhas no Ashtanga Vinyasa Yoga
Bandhas são fechos que evitam a dispersão da energia e ao mesmo tempo conduzem-na para alguma região específica.
Os três mais importantes são: jalandhara bandha, uddiyana bandha e mula bandha. Jalandhara bandha envolve o pescoço, elevar a espinha e deixar toda a coluna ereta. Uddiyana bandha localiza-se na na área entre o diafragma e o assoalho pélvico. Mula bandha envolve a área entre o abdômen e o assoalho pélvico.
Os três bandhas podem ser aplicados ou sentidos tanto na inspiração quanto na expiração. Em ambos os casos, o movimento da energia é ascendente (na coluna), transformando o movimento rotineiro apânico (descendente).
Leia, a seguir, uma explicação de cada um deles.
Jalandhara bandha (o fecho da rede), na região da garganta
Uma rede de nadis passa por essa região.
Para fazê-lo, eleve a coluna, deixando-a reta e alongada.
A cabeça desce um pouco à frente, o pescoço se alonga e o queixo encontra a base da garganta.
Desde que o seu queixo esteja para baixo e a sua coluna ereta, você está fazendo o jalandhara bandha.
Esse bandha aparece em algumas posições, mas não em todos os asanas.
Tem o efeito de desobstruir as passagens nasais e regula o fluxo de sangue e de energia sutil para o coração, cabeça e glândulas endócrinas no pescoço (tireoide e paratireoide).
Estimula o anahata chakra, encaminhando a sua energia para a sushumna nadi, evitando que a mesma se disperse voltando para baixo.
Ajuda a controlar as forças vitais e acorda a kundalini.
Uddiyana bandha (o voo ascendente), na região do baixo ventre
Essa técnica é normalmente ensinada da seguinte forma: o diafragma e o baixo ventre são elevados. Quando você exalar, contraia o abdômen. No final da exalação o abdômen deve estar totalmente contraído para cima e em direção à coluna. Com essa contração o diafragma se eleva. Quando esse bandha é mantido com maestria, o umbigo se move em direção a espinha e os músculos retos e posteriores se contraem, e na fase completa do uddiyana bandha todo o abdômen fica côncavo.
Na prática do Ashtanga Vinyasa Yoga é super importante a manutenção desse bandha, só que nesse caso a contração fica mais na área do baixo ventre, dois dedos abaixo do umbigo, e é feita de forma suave, pois mantemos o bandha durante a inspiração e na exalação, e então o diafragma fica livre para fazer o seu movimento natural.
Esse bandha eleva a energia. Quando os músculos abdominais são pressionados e elevados para cima e para baixo das costelas, o prana encaminha-se para as nadis (corrente de prana, energia vital), energizando-as fortemente, principalmente na área do manipura chakra, aumentando a temperatura do corpo.
O aumento do fogo gástrico remove as doenças dos órgãos abdominais.
Mula bandha (fecho da raiz)
Contraem-se o esfíncter do ânus e o períneo, puxando o assoalho pélvico para cima. Essa ação fortifica o assoalho pélvico, que é formado principalmente pelos músculos eretores do ânus e dos músculos coccígeos, permitindo à rede muscular resistir à pressão desenvolvida pelo empurrão de cima para baixo do diafragma, resultando em um aumento de pressão intra-abdominal com todas as boas repercussões para essa região. Estimula a região sacra e pélvica.
A energia apana, que está localizada na parte baixa do corpo, é forçada para cima e alcança agni (o fogo digestivo) no manipura chakra, e depois chega até o prana no anahata chakra, provocando uma onda de calor que aquece todo o corpo.
Esse forte calor desperta o fogo interno do corpo e acorda a energia kundalini, ajudando-a a penetrar o canal central (nadi central) sushumna.
Durante a prática
A maioria dos movimentos para cima é conectada com a inalação e também associados com a firmeza. A maioria dos movimentos para baixo é conectada com a exalação e também associados à flexibilidade: esse é o sistema de vinyasa. É uma regra geral que o mula bandha seja ativado (consciente ou inconscientemente) com a inalação para facilitar o movimento do prana. Tradicionalmente, o uddiyana bandha é ativado no final da exalação.
Pelo fato de também se ativar o mula bandha na exalação, mais energia é trabalhada. O uddyana bandha deve ser mantido na inspiração, o que mantém a expansão dos limites e a coluna lombar estendida. Baixando o diafragma e expandindo a lateral das costelas na inspiração também aumenta a circulação de prana no corpo, mantendo a mente alerta.
Não é necessário apertar demais o bandha, pois isso pode se tornar uma distração para o que realmente está acontecendo. Eles também não podem ser ignorados. A respiração deve fluir e se mover assim como o bandha. O mula bandha deve ser o suficiente para trazer a atenção do praticante à região do períneo.
Algumas situações nas quais focalizar a atenção no mula bandha: nos saltos, nas posturas invertidas e em particular no utpluthi. Isso é secundário em relação à respiração. Primeiro respire, depois faça os bandhas e depois os drishtis, nessa ordem.
O jalandhara bandha é enfatizado na invertida sobre os ombros, no dandasana e em padmasana, durante pranayamas.
Os bandhas tem um importante papel no processo de limpeza de todo o corpo, pois eles intensificam esse processo. Os textos falam-nos que, quando usamos os bandhas, agni (o fogo) é direcionado para o exato local onde o lixo, as toxinas, estão bloqueando o fluxo da energia no corpo. Os bandhas intensificam o efeito do fogo, do calor. A palavra bandha significa colocar junto, aproximar, e é dessa forma que é usada no Yoga. Bandha também significa fechar, prender, trancar. Quando executamos o bandha, nós fechamos certas áreas do tronco de uma forma particular.
Bandhas e asanas
Comece tentando usar os bandhas em asanas mais simples, onde você possa observá-los melhor, como no adhomukha svanasana e no trikonasana. Comece tentando primeiro o uddiyana, mais tarde o mula e depois tente manter os dois enquanto permanece no asana.
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